30 de setembro de 2010

alheios

"Quando sinto que vou vomitar um coelhinho, ponho dois dedos na boca
como uma pinça aberta, e espero sentir na garganta a penugem morna que
sobe como uma efervescência de sal de frutas. Tudo é rápido e higiênico,
transcorre em um brevíssimo instante." j. cortázar

segue a marcha triunfal.

agora, olha!, tenho em minhas mãos um coelhinho ensanguentado.

viu?, há mais alguns espalhados pelo canto da sala;

pode chegar mais perto. fica um pouco mais.

um outro se afogou na privada:

contempla seus olhos arregalados, vidrados, e

submergidos nas camadas espessas da água.

segura um pouco este aqui. cuidado!

acabou de nascer, quentinho e meio bobo.

ah, caiu...

não precisa se preocupar.

é que de quando em quando me acontece matar um ou dois coelhinhos. mas isso, você sabe, não é razão pra viver com medo, escondido. já te contei que os seus bichos nascem pré-determinados, não contei? então escuta agora, e em silêncio, os seus ruídos.

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