"Quando sinto que vou vomitar um coelhinho, ponho dois dedos na boca
como uma pinça aberta, e espero sentir na garganta a penugem morna que
sobe como uma efervescência de sal de frutas. Tudo é rápido e higiênico,
transcorre em um brevíssimo instante." j. cortázar
segue a marcha triunfal.
agora, olha!, tenho em minhas mãos um coelhinho ensanguentado.
viu?, há mais alguns espalhados pelo canto da sala;
pode chegar mais perto. fica um pouco mais.
um outro se afogou na privada:
contempla seus olhos arregalados, vidrados, e
submergidos nas camadas espessas da água.
segura um pouco este aqui. cuidado!
acabou de nascer, quentinho e meio bobo.
ah, caiu...
não precisa se preocupar.
é que de quando em quando me acontece matar um ou dois coelhinhos. mas isso, você sabe, não é razão pra viver com medo, escondido. já te contei que os seus bichos nascem pré-determinados, não contei? então escuta agora, e em silêncio, os seus ruídos.
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