2 de outubro de 2011

No caminho de sirgas

não ouso dizer das ondas que me vagueiam.

acho que estou sirgando

escuto gritos de sirene.

sigo cega....

não sou sereia sibilante

nem tanto serena.

mastigo sal e areia.

não sinto o sangue nos dentes

apenas os grãos da sede


…....


acho que estou sirgando. mas, não agora. navego no intervalo do sonho que ainda não comemos. mastigar os grãos e os ranços da história.

é como estar no tempo suspenso dos dias que transfiguram as energias. instauração do tempo gatossonoro do caos. dinamitar a sensação de que era somente naquele quarto escuro que poderia (re)contar o texto.

ouso marulhar e sinto água a bater no mediriano do meu tronco. não quero pensar vagarenta.

os olhos de prisma são os fractais da nossa história entrecortada.

[você me deixa chupar as jaboticabas dos seus olhos até espremer o caroço oco da saudade?]

a cega sibilante me olha com os olhos duros de dentro da escuridão. espero com paciência e ardor pelo movimento na vasca das horas.

nem tanto serena. sereia. [o mar não serenou]

sirenes alternam o tom de silêncio de automóveis na escuridão.

olho parado. movimento da mandíbula.

mordo essa maça até sentir o gosto do sange nas bochechas.

mastigo sol sal e areia.

não sinto a espuma borbulhante no canto da boca.

apenas anseio pelos grãos de sua sede.

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