não ouso dizer das ondas que me vagueiam.
acho que estou sirgando
escuto gritos de sirene.
sigo cega....
não sou sereia sibilante
nem tanto serena.
mastigo sal e areia.
não sinto o sangue nos dentes
apenas os grãos da sede
…....
acho que estou sirgando. mas, não agora. navego no intervalo do sonho que ainda não comemos. mastigar os grãos e os ranços da história.
é como estar no tempo suspenso dos dias que transfiguram as energias. instauração do tempo gatossonoro do caos. dinamitar a sensação de que era somente naquele quarto escuro que poderia (re)contar o texto.
ouso marulhar e sinto água a bater no mediriano do meu tronco. não quero pensar vagarenta.
os olhos de prisma são os fractais da nossa história entrecortada.
[você me deixa chupar as jaboticabas dos seus olhos até espremer o caroço oco da saudade?]
a cega sibilante me olha com os olhos duros de dentro da escuridão. espero com paciência e ardor pelo movimento na vasca das horas.
nem tanto serena. sereia. [o mar não serenou]
sirenes alternam o tom de silêncio de automóveis na escuridão.
olho parado. movimento da mandíbula.
mordo essa maça até sentir o gosto do sange nas bochechas.
mastigo sol sal e areia.
não sinto a espuma borbulhante no canto da boca.
apenas anseio pelos grãos de sua sede.
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