Ainda não aprendemos a cutucar o
olho do mundo, permitindo o jorro do gozo prometido há muitas eras.
A catábase só é permitida aos heróis, aos predestinados. Não
existem mais oráculos para nos dizer por onde seguir. E, mesmo
assim, sou perseguida pela verdade. Aqueles que, como nós, não
foram tocados pelo fado, vivem a descida na superfície da terra. Não
nos é permitido o encontro com nossos mortos, passados ou futuros.
Isso
não é um happening, querido. Você sabe que eu não sirvo para
musa. Pode entender como quiser. Só peço uma coisa: não me
embole na sua constelação de categorias e conceitos. Costuma ser
assim: tarde da noite sou invadida por essa procura que revira meus
pseudotecidos internos. Não resisto. Sou condizente com o desgaste
da eterna repetição que me esfola. Estardalhaço inerente. Útero
pulsa feito um coraçãozinho. Acho mesmo que um e outro são o mesmo
órgão que se desloca a depender da intensidade dos fluídos. Como
uma clepsidra desreguladora do equilíbrio entre gesto e intenção.
Se eu soubesse, desenharia esse esquema de roldanas a que pertenço e
a tatuaria nas pregas, para você sempre recordar que o instante é
de náusea. Mas, eu preciso agarrar sua mão, seu membro, seu olho.
"Só peço uma coisa: não me embole na sua constelação de categorias e conceitos."
ResponderExcluirsimplesmente inspirador, super curti a atmosfera dos textos desse blog. parabéns\!
oi, antônio, que legal saber disso. ;)
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