21 de outubro de 2012

inquieta companhia

Meu médico espanhol me dera doses suficientes de Diazepam para amenizar minha insônia. Apesar de tudo, julgava-me um homem razoável. A solidão não espanta os hispânicos. Nós a cultivamos e definimos, e a pomos na frente – é o título – de nossos livros. Nenhum latino morreu de solidão; deixamos isso para os escandinavos. Somos capazes de banir a solidão com o sono e suprir a companhia com a imaginação. De tal maneira, que me bastava abandonar os barbitúricos para instalar-me numa vigília salvadora que não perdesse um instante do que acontecia na obsessiva janela de minha amada. E, se a vigília me traísse, o médico me daria anfetaminas.

[Trecho do conto "O amante do teatro", de Carlos Fuentes]

2 comentários:

  1. ainda não vi esse filme do woody.

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    "nenhum latino morreu de solidão", e de saudade?

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  2. a saudade é um tipo especial de solidão, acho que essa mata.

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